Imagine comigo, você como um pássaro. Um pássaro doce de olhos curiosos.
Dentro do seu pássaro há uma gaiola. Que podemos considerar como seu coração. Aonde você quer aprisionar outro pássaro, o que é inaceitável. Ou inaceitável é você ser um pássaro com uma gaiola que gostaria de aprisionar outro pássaro dentro?
O pássaro que você quer dentro de você sou eu. E sou um pássaro arisco. Além de que quando não concordo com algo, geralmente meu canto sai amargurado, e fico de alguma forma implorando pra ti me soltar da gaiola. Eu sou um pássaro e você me tranca aqui e espera que eu cante como antes? O que espera? quer que eu te espere?
Você me deixou despercebida, e eu nem havia de me lembrar que aqui dentro de mim, há também uma gaiola. Mas não te permito te aprisionar em mim. Nem você, nem qualquer outro pássaro que amei. Pássaro foi feito pra voar.
Com meu bico e minhas garras, arranquei minha gaiola, e agora nada poderia ficar preso dentro de mim. Eu já não poderia aprisionar você. E estava pronta, pra criar folego e coragem pra voar mais alto ainda.
Você abriu devagarzinho e cuidadosamente a portinha da sua gaiola. E eu sai de lá voando. Você só percebeu quando eu estava lá na frente, bem difícil do seu alcance. Mas você cantarolou pra mim, me chamando pra sair pro mundo. Eu lhe disse que o mundo já me esperava, e que não poderia me atrasar mais ainda pelo caminho. Você me faz perder o ritmo. E posso acabar nunca mais voltar a voar como antes.
Vai voar! Vai voar passarinho. O vento está lhe chamando pra dançar.
E quando você finalmente quebrar a sua gaiola, meu mundo será divido em dois. E assim poderíamos dançar os dois juntos ao vento. Porque nem nós mesmo poderíamos enfim nos parar.
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